terça-feira, 22 de março de 2016

22 de março - dia mundial da água

Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. 

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem. 

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. 

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo. 

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Traçadores aplicados no estudo de águas subterrâneas

Por Engenheiro Geólogo Rafael Colombo Pimenta

Em estudos relacionados aos recursos hídricos, pode ser necessário o uso de técnicas que busquem descrever o movimento da água em um determinado sistema. Pesquisadores procuraram desenvolver indicadores que pudessem dar pistas sobre a forma de deslocamento da água, agentes que pelo seu monitoramento, tornasse possível a descrição do movimento, ou seja, o delineamento, a composição da trajetória de águas superficiais, subterrâneas e atmosféricas, e a interação entre estes compartimentos da hidrosfera. Assim surgiram os traçadores aplicados aos estudos hídricos.
Os traçadores são, portanto, agentes químicos, físicos ou biológicos, que possam ser transportados pela água, ou que façam parte da própria água, e que tornem possível o acompanhamento do seu fluxo através do tempo e/ou do espaço. Podem ser considerados como traçadores substâncias químicas, isótopos, temperatura da água ou mesmo partículas sólidas. Estes traçadores podem ser transportados junto com o fluxo de água, e a detecção destes podem trazer informações sobre o processo em que a água foi submetida no sistema hidrogeológico em estudo.,

Os traçadores artificiais aplicados em estudos de águas subterrâneas são aqueles traçadores fabricados pelo homem e injetados propositadamente em algum ponto do meio hidrogeológico e que possam ser detectados em outro ponto com o objetivo de se estudar o comportamento do fluxo subterrâneo. Estes traçadores precisam atender alguns requisitos, como serem detectáveis em baixas concentrações, serem quimicamente estáveis, não oferecerem riscos de contaminação ao meio ambiente, serem de fácil aquisição e análise, e terem boa solubilidade em água. Mesmo não havendo um traçador ideal, pode-se escolher um ou mais traçadores de acordo com as informações que se desejam encontrar e com as características do meio em estudo.  Estão incluídos neste grupo os corantes fluorescentes, os sais, os isótopos artificiais e os produtos ativáveis.
Os traçadores naturais ou também chamados de ambientais são aqueles que estão presentes naturalmente no ciclo hidrológico, como parte da molécula de água, ou em solução aquosa, tais como os isótopos ambientais estáveis deutério, oxigênio-18, carbono-13 e também os isótopos radioativos trítio e radônio-222, por exemplo.
Estas técnicas, quando integradas com dados geológicos, hidrogeológicos, geofísicos e hidrogeoquímicos, permitem a obtenção de informações sobre a dinâmica das águas subterrâneas, podendo auxiliar na determinação de parâmetros importantes em pesquisas no âmbito hidrogeológico, tais como a condutividade hidráulica dos aquíferos, a taxa de recarga, a porosidade das rochas, a idade das águas e a dispersividade de contaminantes por exemplo. Com o uso da técnica dos traçadores também é possível a delimitação de bacias e áreas de influência hidrogeológica, a simulação de acidentes que possam causar a contaminação dos aquíferos, a calibração e validação de modelos de fluxo, a interação entre aquíferos, entre outros.

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

7 RAZÕES PARA A REALIZAÇÃO DE MODELAGEM HIDROGEOLÓGICA COMPUTACIONAL

Um modelo hidrogeológico é uma simplificação do comportamento do sistema das águas subterrâneas através da organização e síntese dos dados disponíveis. Primeiramente é feito de forma conceitual e posteriormente pode ser concebido de forma numérica/computacional. Existem diversos códigos que podem ser utilizados para este fim, sendo os mais comuns os softwares Visual Modflow e o Feflow, por exemplo. Abaixo seguem sete motivos para que seja realizada a Modelagem Hidrogeológica Computacional dos aquíferos de uma região. 1. Avaliação de cenários de explotação de aquíferos (planejamento de recursos hídricos); Através de um modelo numérico é possível estimar os impactos decorrentes do bombeamento de poços em uma dada região. Desta forma, os gestores dos recursos hídricos podem estimar os volumes explotáveis no decorrer do tempo de forma a não comprometer os aquíferos locais. Evitando desta forma conflitos pelo uso da água, e resguardando o empreendedor de problemas com a justiça e órgãos ambientais. 2. Melhoria da compreensão de um sistema hidrogeológico; Um modelo auxilia na compreensão do sistema hidrogeológico como um todo, pois as todas as informações disponíveis são inseridas, podendo desta forma apresentar os sentidos dos fluxos, a interação entre aquíferos, as respostas dos aquíferos frente à intervenções , o transporte de contaminantes etc. Este melhor entendimento das água subterrâneas é vital para que possíveis intervenções sejam planejadas de forma que alcancem os resultados esperados, gerando economia para o empreendedor. 3. Obtenção de parâmetros hidrodinâmicos (modelagem inversa); No processo de calibração de um modelo é possível obter parâmetros hidráulicos, como a condutividade hidráulica dos aquíferos e a sua recarga, por exemplo. Comparando-se o sistema real com os resultados calculados pelo modelo é possível determinar com certa precisão os parâmetros hidráulicos que resultem em uma resposta do modelo coerente com a realidade. 4. Avaliação da interação entre águas subterrâneas e superficiais; Através de um modelo computacional é possível estabelecer relações entre as recargas dos aquíferos, fluxos subterrâneos e as descargas através dos corpos de águas superficiais, por exemplo. Podem-se analisar os impactos nos cursos de água de acordo com as intervenções nos aquíferos, ou mesmo avaliar o impacto nos aquíferos mediante alterações na superfície do terreno. 5. Previsão de avanço de plumas de contaminação; Fontes poluentes como esgotos, produtos químicos, resíduos, rejeitos etc. podem ser transportados pelas águas subterrâneas formando as plumas de contaminação. Os modelos podem prever o espalhamento destes contaminantes, auxiliando no gerenciamento de áreas contaminadas e ser ferramenta de apoio em casos de remediação destes aquíferos. 6. Projetos de redes de monitoramento; Conhecida a disposição dos aquíferos, o fluxo subterrâneo e o transporte de contaminantes, podem-se projetar redes de monitoramento que estejam mais adequadas ao monitoramento proposto. Isso gera economia na perfuração, instalação e monitoramento dos poços. 7. Estudo de alternativas de remediação. O método utilizado para a remediação de uma área deve levar em conta o fluxo subterrâneo e a relação entre o contaminante e o meio hidrogeológico no qual ele está inserido, também gerando redução de custos e de tempo para a descontaminação dos aquíferos. Para maiores informações consulte-nos Nova Terra Geologia e Meio Ambiente Contato: (31) 99288-0331 Falar com Rafael novaterrageologia@gmail.com

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O que são placas tectônicas?



São os gigantescos blocos que compõem a camada sólida externa do nosso planeta, sustentando os continentes e os oceanos. Impulsionadas pelo movimento do magma incandescente no interior da Terra, as dez principais placas se empurram, afastam-se umas das outras e afundam alguns milímetros por ano, alterando suas dimensões e modificando o contorno do relevo terrestre. Esses gigantescos fragmentos atuam como artistas que recriam a paisagem da Terra. Aliás, a palavra tectônica vem de tektoniké, expressão grega que significa "a arte de construir". "Mas é mais correto chamar essas estruturas de placas litosféricas, já que elas se estendem por toda a camada exterior do planeta, a chamada litosfera", diz o geofísico Eder Cassola Molina, da Universidade de São Paulo (USP).
A litosfera possui cerca de 150 quilômetros de espessura, uma ninharia perto dos 6 371 quilômetros necessários para se chegar até o centro do planeta. Cada vez que as enormes placas se encontram, uma grande quantidade de energia, equivalente a milhares de bombas atômicas, fica acumulada em suas rochas. De tempos em tempos, o arsenal é liberado de forma explosiva, através de terremotos que chacoalham o globo - geralmente, nas bordas das placas. Nos limites dos blocos que sustentam oceanos, a trombada subterrânea pode dar origem a vulcões, quando montanhas de rocha derretida aproveitam as fendas para subir por entre as placas.
PLACA DO PACÍFICO
A maior placa oceânica - são cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados - está em constante renovação na região do Havaí, onde o magma sobe e cria ilhas vulcânicas. No encontro com a placa das Filipinas, a placa afunda em uma região conhecida como fossa das Marianas, onde o oceano atinge sua profundidade máxima: 11 034 metros
PLACA DE NAZCA
A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10 centímetros menor pelas trombadas com a placa sul-americana. Esta, por ser mais leve, desliza por cima da placa de Nazca, gerando vulcões e elevando mais as montanhas dos Andes
PLACA SUL-AMERICANA
Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32 milhões de quilômetros quadrados, sente pouco os efeitos de terremotos e vulcões. No centro do continente, a placa mede 200 quilômetros de espessura. Na borda com a placa da África, os terrenos mais jovens não passam de 15 quilômetros
PLACA DA AMÉRICA DO NORTE E DO CARIBE
Com 70 milhões de quilômetros quadrados, engloba toda a América do Norte e Central. O deslocamento horizontal em relação à placa do Pacífico cria uma fronteira turbulenta: em um dos limites, na Califórnia, está a falha de San Andreas, famosa pelos terremotos arrasadores
PLACA DA ÁFRICA
No meio do Atlântico, uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que esse bloco se afaste progressivamente da placa sul-americana - com quem formava um continente único há 135 milhões de anos - e cresça de tamanho. A tendência é passar os 65 milhões de quilômetros quadrados atuais
PLACA DA ANTÁRTIDA
A parte leste da placa, que há 200 milhões de anos estava junto de Austrália, África e Índia, chocou-se com pelo menos cinco placas menores que formavam o lado oeste. O resultado é um bloco que dá suporte à Antártida e a uma parte do Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de quilômetros quadrados
PLACA INDO-AUSTRALIANA
O bloco de 45 milhões de quilômetros quadrados que sustenta a Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e a maior parte do oceano Índico ruma velozmente para o norte. Além do subcontinente indiano se chocar com a Ásia, a borda nordeste bate na placa das Filipinas, criando novas ilhas na região turbulenta
PLACA EUROASIÁTICA OCIDENTAL
Sustenta a Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar Mediterrâneo. Na trombada com a placa indo-australiana, nasceu o conjunto de montanhas do Himalaia, no sul da Ásia, onde há mais de 100 montanhas com altitudes superiores a 7 mil metros. Sua área total é de 60 milhões de quilômetros quadrados
PLACA EUROASIÁTICA ORIENTAL
Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40 milhões de quilômetros quadrados choca-se contra a placa das Filipinas e com a do Pacífico, na região onde fica o Japão. O encontro triplo é tumultuado e dá origem a uma das áreas do globo com maior índice de terremotos e vulcões
PLACA DAS FILIPINAS
Essa pequena placa de apenas 7 milhões de quilômetros quadrados concentra em seus limites quase a metade dos vulcões ativos do planeta. Colisões com a placa euroasiática oriental causam terremotos e erupções destruidoras, como a do monte Pinatubo, em 1991, considerada uma das mais violentas dos últimos 50 anos

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A aberração dos quatro módulos fiscais


A figura jurídica do “módulo fiscal” foi instituída pelo Incra com o objetivo de estabelecer um parâmetro mínimo de extensão das propriedades rurais que indique a sua viabilidade como unidade produtiva, dependendo da sua localização. A extensão do módulo fiscal varia de cinco a 110 hectares, dependendo da localização do município em que está situada a propriedade rural. Nas regiões metropolitanas, via de regra, a extensão do módulo rural é tendencialmente bem menor do que nas regiões mais afastadas dos grandes centros consumidores.
Caso a proposta de revisão do Código Florestal formulada pelo deputado Aldo Rebelo venha a ser aprovada pelo Congresso Nacional, a instituição da figura do módulo fiscal como parâmetro para isentar propriedades rurais (até quatro módulos) da responsabilidade de recuperar áreas de reserva legal geraria situações absurdas pelo território nacional afora.
Uma propriedade rural com cem hectares, que tenha desmatado a sua área de reserva legal, estará isenta de recuperá-la se estiver situada no município de Tietê, mas não estará isenta e estará obrigada a recuperar ou compensar 20 hectares se estiver situada no município de Piracicaba, ambos localizados numa mesma sub-região do Estado de São Paulo.
Uma propriedade rural com 500 hectares, que tenha desmatado a sua área de reserva legal, terá que recuperar ou compensar uma extensão de 79,2 hectares se estiver situada em Tietê, mas terá que recuperar ou compensar uma extensão de 92 hectares se estiver situada em Piracicaba.
Similarmente, uma propriedade com cem hectares e que não dispõe de reserva legal não precisará recuperá-la se estiver em Conchas, mas precisará recuperar ou compensar 20 hectares se estiver em São Manuel, na mesma sub-região de São Paulo. Se a propriedade tiver 500 hectares e não dispuser de reserva legal, terá que recuperar ou compensar 76 hectares se estiver em Conchas, mas que seriam 86,5 hectares se ela estivesse localizada em São Manuel.

No município paulista de Cunha, com perfil serrano, propriedades sem reserva legal com até 160 hectares ficariam isentas de recuperá-la ou compensá-la, enquanto em Itapecerica da Serra, município com um perfil topográfico similar e localizado no mesmo Estado, embora em região diferente, propriedades sem reserva legal com mais de 20 hectares estariam obrigadas a recuperá-la ou compensá-la. A extensão oito vezes menor do módulo fiscal em Itapecerica, que se justifica por sua proximidade em relação à capital, lhe imporia uma desvantagem comparativa em relação a Cunha para fins de obrigação de recuperação de reserva legal, quando as terras em Itapecerica seriam, supostamente, mais valiosas e mais necessárias para a produção de alimentos do que as situadas em Cunha, muito mais distantes dos principais mercados consumidores.
Ainda comparando esses dois municípios paulistas, uma propriedade com 500 hectares sem reserva legal em Cunha estará obrigada a recuperar somente 72 hectares, enquanto outra com a mesma extensão e situação localizada em Itapecerica estará obrigada a recuperar 96 hectares.
No Mato Grosso, onde já há diferenciação por bioma (floresta 80% e Cerrado 35%) do percentual de reserva legal, uma propriedade sem reserva legal e com 350 hectares não precisaria recuperá-la se estiver situada em Cláudia ou em Sinop, mas teria que recuperá-la se estiver em Canarana, Querência ou Primavera do Leste. Se a propriedade tivesse uma extensão de mil hectares e não dispusesse de reserva legal, teria que recuperar 480 hectares (ha) se estivesse em Cláudia, 512 ha se estivesse em Sinop, 544 ha se estivesse em Querência, 238 ha se estivesse em Canarana e 266 ha se estivesse em Primavera do Leste.
Anomalias do gênero ocorreriam Brasil afora. Uma propriedade de 300 ha em Crateús, no Ceará, desprovida de reserva legal, não teria nada a recuperar, mas propriedade com igual extensão e também sem reserva, em Eusébio, no mesmo Estado, estaria obrigada a recuperar 52 ha (embora as terras em Eusébio, na grande Fortaleza, sejam supostamente mais necessárias à ocupação). Em Goiás, uma propriedade com 500 ha e sem reserva teria que recuperar 44 ha se estiver situada em Posse ou em Alvorada do Norte, mas teria que recuperar 84 ha se estivesse em Ceres, mas que já seriam 60 ha no município vizinho de Pilar de Goiás.
Além disso, a utilização deste parâmetro projetará as distorções fundiárias e cartoriais sobre a obrigação ambiental de cada propriedade ou proprietário. Por exemplo, uma propriedade com sete módulos de extensão, se composta por mais de uma matrícula cartorial, poderá ver-se totalmente isenta dessa obrigação. Por conseguinte, a instituição em lei deste parâmetro incentivará manipulações cartoriais e subdivisões de propriedades com o objetivo de desmatar ou de não recuperar áreas florestadas nas propriedades rurais.

Significa dizer que a eventual aprovação da proposta do deputado Aldo Rebelo, nos termos em que se encontra tornaria impossível o controle pelos órgãos ambientais sobre a situação de cada propriedade, assim como inviabilizaria a implantação de qualquer tipo de cadastro ambiental rural (previsto na sua própria proposta). Haveria uma situação fundiária de fato, relativa à condição objetiva das propriedades rurais, e uma situação fictícia, decorrente da burla generalizada dos dados fundiários visando a isenções de obrigações ambientais.
Por essas e outras, caso o Congresso Nacional venha a acolher a referida proposta, estará instituindo uma situação de absoluta ingovernabilidade florestal, seja qual for a instância do poder público responsável pela gestão da política florestal. Por isso, reafirmo a minha opinião de que a proposta em discussão é reacionária, predatória e impossível de ser remendada. Se o Congresso acatá-la como base para a reforma do Código Florestal, estará produzindo a pior lei florestal da história do Brasil.

Márcio Santilli é coordenador do ISA.
** Publicado originalmente no site do ISA – Instituto Socioambiental.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

As várias faces da sustentabilidade


Sustentabilidade está se tornando um tema, cada vez mais, recorrente, porém, várias vezes, tratado com superficialidade sem, de fato, trazer para a discussão seus benefícios e traduzindo-se na maioria das vezes, como simples práticas ambientais para proteção do planeta.
E isto ocorre em, praticamente, todos os setores, no supermercado, quando nos são oferecidos produtos ditos sustentáveis, apenas porque possuem embalagem reciclável, ou então, ao buscarmos um imóvel e vemos como diferenciais de sustentabilidade apenas caixas coletoras de pilhas. Absurdos, sim, mas que são levados a sério por milhares de pessoas motivadas pela boa vontade.
A sustentabilidade tem várias faces, a começar pela sustentabilidade individual. O objetivo da sustentabilidade individual é a felicidade. Para tanto, há a necessidade de atendimento a alguns parâmetros de renda, alimentação, moradia, mobilidade, etc. Quando vista sob a ótica da família, a sustentabilidade, além da felicidade, busca a harmonia da convivência. Se estamos pensando em um condomínio, em uma comunidade ou bairro, a sustentabilidade para ser alcançada passa a ter o objetivo da qualidade de vida e do respeito mútuo. Quando se fala em sustentabilidade da cidade, outros aspectos como saúde, transporte, educação, resíduos, poluição passam a estar incorporados. Quando falamos em sustentabilidade da humanidade estamos tratando de assuntos ligados à segurança alimentar, energia, água, paz e preservação dos recursos para as futuras gerações. E o que seria a sustentabilidade empresarial?
Sustentabilidade empresarial é sinônimo de garantir rentabilidade e perenidade da empresa com equilíbrio entre decisões econômicas e o respeito pela sociedade. Muitas vezes, confunde-se sustentabilidade empresarial, deixando-se de lado o componente econômico e parte-se para ações não sustentáveis focadas apenas nos aspectos socioambientais. Sustentabilidade corporativa significa gerar valor para a empresa e para a sociedade. Esta confusão de conceitos é que tem feito com que algumas empresas se encontrem frustradas com seus esforços na direção do que ela entendia, erradamente, como sustentabilidade. Outro erro comumente cometido é o da dispersão de ações ditas sustentáveis sem uma coordenação que gere uma resultante em benefício da empresa.
Assim, cabe reforçar alguns pontos fundamentais para os empreendedores que buscam a sustentabilidade de seus negócios.

Eficiência – No caso dos lojistas, a escolha de um ponto em um shopping que tenha uma gestão sustentável é fundamental, com equipamentos eficientes, como elevadores, escadas e metais sanitários. Com isso estará buscando ter maior rentabilidade para seu negócio, pelos menores custos condominiais, e maior responsabilidade para com seus clientes e para com a sociedade, pelos menores impactos ambientais.
Evitar desperdícios – Avalie bem antes de comprar, para minimizar os riscos de encalhe de mercadorias. Os maiores inimigos da sustentabilidade empresarial são a baixa produtividade e os desperdícios. É o óbvio, mas às vezes nos esquecemos disso e decidimos por impulsos emocionais. Ouvir os clientes é uma obrigação para garantir que seus produtos e serviços sejam desejados.
Aprazibilidade – Desenvolva um ambiente que seja atraente para os clientes, agradável e aprazível. Atraia os clientes pela aprazibilidade de sua loja.
Fornecedores responsáveis – Escolha fornecedores que também estejam engajados de forma séria em garantir produtos menos tóxicos, extraídos e produzidos com responsabilidade socioambiental.
Regionalidade – Dê preferência para produtos produzidos em sua região. Isto colabora para aumentar o nível de emprego e reduzir os problemas sociais, e a criar um ambiente mais agradável de convivência. Evite a compra de produtos artesanais produzidos em outros países. A compra de produtos de baixa tecnologia de outros países diminui o recolhimento de impostos e estimula o desemprego e a falta de infraestrutura pública.
Garantia de sustentabilidade – Materialize seu discurso de responsabilidade para com seus clientes destacando a oferta de produtos que tenham a sustentabilidade garantida por selos de terceira parte. No caso da madeira, FSC ou Cerflor, para equipamentos eletroeletrônicos, o Selo Procel, para materiais de construção e decoração, o Selo Sustentax de Qualidade e Sustentabilidade.

Comunicação – Informe o consumidor destas iniciativas. O cliente precisa ter a percepção de que tudo está sendo feito para que ele se sinta muito bem no ambiente e que será informado para que tome a melhor decisão para ele. Mas, atenção: tenha práticas consistentes para comunicar. Não crie falsas expectativas e jamais se deixe levar pela maquiagem verde.
E, finalmente, lembre-se: sua obrigação como empresário é garantir rentabilidade e perenidade para o seu negócio, com visão de curto, médio e longo prazos. Não se esqueça que investidores e consumidores já estão dando preferência para aqueles que conseguem gerar o lucro de forma responsável para a sociedade visando a mitigar riscos para todas as partes.



Newton Figueiredo, 62 anos, é engenheiro naval e presidente do Grupo SustentaX, que desenvolve, de forma integrada, o conceito de sustentabilidade nas áreas de Sustentabilidade Empresarial e Pública, Sustentabilidade Urbana e Imobiliária, e Sustentabilidade de Produtos e Serviços. O Grupo SustentaX é pioneiro na certificação do primeiro empreendimento ambientalmente sustentável da América do Sul, na rotulagem de Produtos Sustentáveis e na avaliação e reconhecimento das construtoras mais sustentáveis do Brasil. Em Brasília, o Grupo SustentaX foi o responsável pelo estabelecimento de requisitos para o primeiro bairro sustentável da capital federal, o Setor Habitacional Noroeste. É conselheiro de várias instituições ligadas aos setores de engenharia energética e racionalização de recursos. É membro fundador do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis e do Green Building Council Brasil e presidente do Comitê de Sustentabilidade do capítulo brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci).
(O autor)

terça-feira, 17 de maio de 2011

O instituto Socioambiental (ISA) cria o programa de monitoramento de áreas protegidas na Amazônia



Instituto Socioambiental (ISA) é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), desde 21 de setembro de 2001. Fundado em 22 de abril de 1994, o ISA incorporou o patrimônio material e imaterial de 15 anos de experiência do Programa Povos Indígenas no Brasil do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (PIB/CEDI) e do Núcleo de Direitos Indígenas (NDI) de Brasília. Ambas, organizações de atuação reconhecida nas questões dos direitos indígenas no Brasil.
O ISA foi criado para propor soluções que integrem questões sociais e ambientais e tem como objetivo principal defender bens e direitos coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural e às populações indígenas e tradicionais. Desde então tem realizado diferentes projetos e ações em parceria com essas populações.
Programa de Monitoramento de Áreas Protegidas pesquisa, analisa e divulga informações sobre os processos de criação e efetivação de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, e atua propositivamente em fóruns, redes e consultas que influenciam as políticas públicas e ações do Estado voltadas à defesa dos direitos coletivos, da proteção e conservação ambiental. Esse trabalho iniciou-se em 1983, no antigo CEDI, Centro Ecumênico de Documentação e Informação, com o monitoramento das TIs no Brasil e foi ampliado, em 1992, para o monitoramento das  Unidades de Conservação e outras áreas públicas. Em 1994, o CEDI incorporou-se, juntamente com outras instituições e pessoas ao Instituto Socioambiental.
Programa de monitoramento

A pesquisa cotidiana de dados referentes a Áreas Protegidas, às políticas ambiental e indigenista nacionais é feita nos diários oficiais da união e dos estados, em jornais e revistas de circulação nacional e regional, na informação de uma extensa rede de colaboradores, entre outras fontes.
O acompanhamento dos projetos governamentais e projetos econômicos particulares, tais como usinas hidrelétricas, polidutos, estradas, hidrovias, ferrovias, mineração, garimpagem e exploração madeireira, e a análise de sua relação com as TIs e UCs permite tanto subsidiar projetos de sustentabilidade indígena face às políticas de desenvolvimento econômico, quanto ações da sociedade civil organizada para promover a sustentabilidade ambiental.
A indexação dos dados georreferenciados é mediada por um Sistema de Informação de Áreas Protegidas, que possibilita o resgate da informação em diversos recortes espaciais e temáticos.
O Programa utiliza diversas ferramentas virtuais para divulgação de informação cotidianamente atualizada, além de publicações impressas periódicas. No portal do ISA, há subsites com informação de povos e terras indígenas, inclusive um especial para público infanto-juvenil, o Povos Indígenas no Brasil Mirim e de Unidades de Conservação. Através deles se pode fazer pesquisas com diferentes recortes.
O trabalho realizado pelo Programa Monitoramento em cooperação com a área de Geoprocessamento foi a base para a articulação e criação da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, que reúne instituições de oito países amazônicos para consolidar uma base de dados qualificada sobre a região, que permita a produção de conhecimento e subsidie os atores locais. O ISA coordena a rede e é responsável pela consolidação, sistematização e padronização dos dados.