sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Antropoceno de Leonardo Boff

O Antropoceno e Leonardo Boff 

 por Ciêntista Socioambiental André Colombo Pimenta

De acordo com Leonardo Boff, no seu artigo “O antropoceno, uma nova Era Geologica”, a Terra está entrando em uma nova Era dentro da sua história, o Antropoceno. Nessa era, a Terra, já palco de inúmeras extinções em massa, como por exemplo, a dos dinossauros que deu fim a Era Mesozóica, agora passa por novo período em que o ser humano é o principal agente transformador da natureza, por causa do consumo exagerado dos recursos naturais para seu próprio benefício. Dessa forma, o homem precisa então, rever qual é o seu verdadeiro papel como ser pensante da natureza.

A Terra desde sua existência foi palco de diversas crises ecológicas com extinção de quase 90% de sua capacidade biológica no passado, mas a mãe natureza constantemente se regenera e volta ao seu estado de tempos normais. Contudo, com o surgimento do Homo Sapiens e sua evolução o planeta Terra é alvo de destruição e ganância, por parte dos homens, para sustentar o consumo desenfreado da humanidade. Em tempos passados, o planeta era visto como um local de ilimitados recursos naturais e que poderia oferecer toda a sua vitalidade para o conforto e bem-estar do ser humano. Porém, agora, não se trata mais da busca por uma boa vida, mas sim, da busca pela própria vida.
Um sério problema proveniente da grande produtividade de diversos materiais descartáveis e sintéticos é a geração excessiva de lixo que é descartado com pouca importância em aterros. A Terra não tem a capacidade de degradar naturalmente todos estes resíduos de uma só vez. E por isso, os dejetos humanos ficam mais presentes nos ambientes que conservaram os ecossistemas em hamonia por milhões de anos.
O presente artigo nos mostrou que a Terra passou por diversas devastações e conseguiu se recuperar ao passar de milhares de anos. Porém, o ser humano nos últimos 300 anos conseguiu atuar em uma poderosíssima investida contra o ecossistema para alimentar o seu consumo. Leonardo Boff cita palavras do biólogo E. Wilson que dizia que o ser humano é o único ser vivente na história da Terra a se tornar uma força geofísica destruidora. As listas de extinção de espécies crescem a cada dia e o atual cenário é considerado mais devastador que as destruições naturais do passado. Assim, considera Wilson, vivemos na “sociedade do risco”!
Como todos os filhos da natureza, devemos reverter esse quadro e zelar por nossa casa. A Terra é a nossa única morada, por isso, se não buscarmos a vitalidade da mesma, conseqüentemente vamos vivenciar a nossa extinção. O verdadeiro papel do ser humano é viver de forma sustentável, e procurar consumir os recursos naturais do presente sem comprometer as futuras gerações. Portanto, como seres pensantes, devemos utilizar nossas habilidades para criar novas tecnologias e minimizar as  destruições humanas de forma consciente.
Por fim, o autor conclui que entramos em uma nova era geológica: O Antropoceno. A era da destruição, dizimação e extinção da vida pela “irracionalidade” do ser humano. Por causa da ganância e da a tentativa de manter certo padrão de vida, o ser humano está a caminho da  autodestruição. Dessa forma, Para onde nos conduz o antropoceno? Entramos na era da obscuridade?

Sobre Leonardo Boff:
Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959. Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).
Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade".
É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos.
Em 1992 renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo. "Mudou de trincheira para continuar a mesma luta": continua como teólogo da libertação, escritor, professor e conferencista nos mais diferentes auditórios do Brasil e do estrangeiros, assessor de movimentos sociais de cunho popular libertador, como o Movimento dos Sem Terra e as comunidades eclesiais de base (CEB's), entre outros.
Em 8 de Dezembro de 2001 foi agraciado com o premio nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).
Atualmente vive no Jardim Araras, região campestre ecológica do município de Petrópolis-RJ e compartilha vida e sonhos com a educadora/lutadora pelos Direitos a partir de um novo paradigma ecológico, Marcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim ‘pai por afinidade’ de uma filha e cinco filhos compartilhando as alegrias e dores da maternidade/paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos "netos" Marina , Eduardo, Maira, Luca e Yuri.